terça-feira, 6 de setembro de 2016

         
         AS CURVAS NADA ATRAENTES  DO FEMINISMO PÓS-MODERNO


É difícil saber o que o movimento feminista deseja alcançar. A frase “É uma menina!” é responsável por 200 milhões de meninas a menos na população mundial. Apesar disso, feministas ocidentais reivindicam o direito de se desnudarem em público, de serem acriticamente promíscuas, de matarem seus bebês no útero -- como se isto resolvesse algo.

 A pergunta que tem de ser feita é: “De onde vem nosso valor como mulher?”.

A cultura pop tenta oferecer resposta. A música “Flawless”, de Beyoncé, é um libelo feminista. Ela descreve sua trajetória saindo de Houston, onde era tratada com preconceito, para reinar como diva pop entre diamantes e fãs. Beyoncé usa o discurso feminista da escritora nigeriana Chimamanda Adichie, a qual reclama do patriarcalismo que educa meninas para ver o casamento como o maior alvo da vida.

 Beyoncé se diz “flawless”, sem defeito. O diamante que ganhou do marido é “flawless”; seu corpo, moldado para atrair machos, é “flawless”. Ela inspira as meninas que a escutam a se sentirem sem defeito, do jeito que são. A mesma Beyoncé descreve em outras músicas como serve sexualmente a seu marido na parte de trás da limusine. Na verdade, Chimamanda e Beyoncé não falam da mesma coisa. Feminismo para Beyoncé é exercer poder sobre os homens. Feminismo para Chimamanda é a rejeição de símbolos tradicionais de opressão feminina, como o casamento.

Quando me mudei do Brasil para os Estados Unidos, notei uma diferença enorme no tratamento que as mulheres recebem aqui. O discurso público é o de igualdade, e a relação entre os sexos é permeada de um respeito que nós no Brasil não temos. Aqui eu me senti valorizada só porque existo. As mulheres não são medidas pelo seu poder de atração sexual. Mulheres “feias” andam pelas ruas como se fossem a própria Beyoncé a desfilar “flawless”, porque a cultura lhes permite.

 Ao mesmo tempo o “teto de vidro” é mais baixo aqui. Os americanos nunca tiveram uma Dilma presidenta, poucas mulheres têm influência no panorama político. No mundo evangélico, raras líderes cristãs exercem algum tipo de influência nacional.

Como explicar esta diferença? No Brasil, é mais fácil a mulher ser líder, mas o respeito não está presente. Mulheres poderosas são submetidas ao escárnio por sua forma física, suas emoções “melindrosas”, seu guarda-roupa.

O Brasil é uma cultura matriarcal. A mulher está no centro da estrutura social. Quando um casal se coloca diante do altar para se casar o celebrante diz: “E eu os declaro marido e mulher”. Quem perde o seu status de ser humano para se tornar uma “função” em relação ao outro é o homem. Na cultura patriarcal americana, o casal no altar ouve: “Man and wife”. O oposto. A mulher se torna a função que exerce para o marido.

 A sociedade americana tem como principal arquétipo masculino o pai-messias, papai-sabe-tudo, que tem na casa e na família seu reino e seu orgulho. A sociedade brasileira deixa a mulher livre para dominar estruturas sociais, mas sem deixar de ser alvo da hostilidade masculina. O arquétipo masculino principal é o Édipo-Don Juan, e a mulher tem de aprender a jogar o jogo social de ser a santa e a devassa de acordo com a necessidade do momento.

 O problema da mulher no mundo não é o patriarcalismo, nem os valores cristãos -- pelo contrário. Nunca me senti tão respeitada como gente como me sinto na América patriarcal. Mesmo assim existe machismo, existe a falta de oxigênio nos escalões mais altos; a mulher sofre como em qualquer outro lugar.

 O fato é que neste mundo marcado pelo pecado nós mulheres sempre vamos perder, a não ser que a consciência cristã se imponha aos costumes culturais. Se esta consciência está presente, ganhamos perspectiva. Aprendemos a ser quem somos e viramos o jogo. Ganhamos quando perdemos o espaço e ganhamos quando o temos, porque não são o espaço ou a falta dele que determinam nosso valor. Nosso valor nos foi outorgado por nosso Criador. É isto que feministas ocidentais não sabem. Se soubessem, lutariam por causas mais relevantes, como a sobrevivência de meninas e de bebês ainda no útero.

 Bráulia Ribeiro

• Bráulia Ribeiro trabalhou na Amazônia durante trinta anos. Hoje mora em Kailua-Kona no Havaí com sua família, e está envolvida em projetos de tradução da Bíblia nas ilhas do Pacífico. É autora de Chamado Radical e Tem Alguém Aí em Cima?.

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