“Saíra Isaque a meditar no campo, ao cair da tarde;” (Gêneses 24.63)
“Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras.” (Salmo 119.148).
Alguns anos atrás fomos convidados para dar um seminário a um grande grupo de missionários da JOCUM em Recife. Diante da responsabilidade, passávamos horas a fio estudando. Líamos livros, estudávamos a bíblia em diferentes versões. A nossa mesa ficava entulhada de pilhas de bíblias e livros, além de orarmos com muita dedicação suplicando a Deus sabedoria para as ministrações. O Espírito de Deus, sem dúvida nos capacitava a cada noite, era palpável a fluidez do Espírito Santo através de nós, portanto, estávamos empolgadas e nos esmerávamos mais e mais na busca.
Em meio às argumentações no curso, percebemos um jovem, que sempre tinha contestações acertadas, no entanto, era notável sua ansiedade por provar através das respostas que tudo estava muito bem com ele. Isso me intrigou. Uma noite, após nossa ministração, estávamos em uma parte mais elevada do local onde se dava o seminário e podíamos observar todos aqueles jovens conversando animadamente enquanto outros nos cercavam com perguntas e testemunhos. Em dado momento, nossos olhos se encontraram com aquele rapaz que sabia muito. Imediatamente o Espírito de Deus nos falou claramente: pergunta a ele como está sua vida devocional; além de me comunicar que ele estava com lutas na área sexual e que eu deveria dizer-lhe, que ele estava a um passo da queda se não buscasse imediatamente através da devocional a comunhão com Deus.
Chamamos aquele moço a parte e perguntamos a ele de chofre: você está com lutas na área de homossexualismo? Ele foi evasivo... Disse-me: quando eu era pequeno... Não deixei que terminasse e fui sucinta: Não estou perguntando agora se houve problemas na sua infância, estou sendo direta e objetiva com você, você está enfrentando problemas nesta área? Ele foi rápido: Sim! Então avisamos sobre a palavra que Deus havia nos dado para ele sobre a devocional.
Mas, uma grande surpresa nos aguardava. No último dia daquele seminário, nós estávamos estudando no mesmo afã de dar o melhor para aqueles missionários ávidos por conhecimento da palavra, quando Deus nos falou suavemente: tu vais procurar um livro na bíblia diante da igreja e não vais encontrar. (observe o termo igreja, igreja não é templo, as instituições paraeclesiais, são formadas por membros da noiva de Cristo, portanto, ali estava uma parte da igreja de Cristo. Deus é lindo!). Mesmo captando rapidamente a mensagem subliminar, fiquei chocada, e perguntei: por que, Senhor? Justificando, olha aqui a pilha de bíblia, veja o quanto tenho estudado... Ele continuou seu colóquio amigável e sábio: você está estudando para dar, eu quero sua intimidade comigo... Você a sós comigo, Eu ministrando ao seu coração. Confesso que fui idiota, continuei estudando, e a noite nos saímos muito bem naquela última aula. A presença de Deus foi clara, Ele estava amando muito a todos nós. No entanto, quem avisa amigo é. Deus não mente, e o inesperado aconteceu, quando após uma fervorosa oração nós já recolhíamos nosso material, um rapaz lá do fim da sala bradou: Professora! (não sou professora) Quero que você leia (Não lembro mais) o versículo tal do capítulo tal, do livro de Esdras. Rapidamente peguei a bíblia, já com todos os missionários de pé, e cadê? De verdade não achei, envergonhada, disfarcei: leia você mesmo... Ele respondeu: não, eu quero que a senhora leia. Eu tive então, que reconhecer o meu pecado e procurar com muita vergonha no índice da bíblia onde estava o livro de Esdras.
Minha mãe costumava nos dizer este ditado: quando você vê a barba do seu vizinho arder, ponha a sua de molho... Se Deus me levou a exortar aquele jovem que parecia ter um bom conhecimento da palavra a fazer sua meditação diária, eu não deveria haver crido que estudar a bíblia para ensinar tem o mesmo efeito sobre nós que a devocional, que nos traz não só conhecimento ao intelecto e fortalecimento ao espírito, mas uma comunhão íntima com Deus e, em conseqüência, nos faz mais sensíveis a obediência. Ponderando depois sobre todo este contexto de disciplina e ensino que Deus nos ministrou com tanto amor e cuidado, analogamos: Se o marido chega em casa dia após dia, encontra casa impecável, roupa impecável, comida impecável, filhos bem direcionados, aquela esposa cheirosinha, arrumadinha, que lhe interpela com atenção sobre o seu dia de trabalho, procurando ajudá-lo nas soluções dos problemas com muita sabedoria e boa vontade, ou seja uma verdadeira “mulher virtuosa”, como dita Provérbios trinta e um, ou a esposa “perfeita” do Salmo cento e vinte e oito, versículo três: “Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos como rebentos de oliveira, à roda da tua mesa.”. Tudo perfeito, maravilhoso, mas ela sempre se limitando às responsabilidades... Nunca o carinho do beijo, do abraço, dos coquetismos peculiares às mulheres... Apesar do aconchego perfumado do quarto, ela se deita como uma amiga, dando-lhe apenas um sorriso mesclado ao boa noite e adormece indiferente a qualquer tipo de relacionamento íntimo, este marido jamais iria contentar- se com as preciosas virtudes de mãe e dona de casa dessa esposa, ele ira reclamar a amante, a mulher, dos beijos ardentes, dos carinhos excitantes, da liberdade do relacionamento sexual cheio de amor e entrega. Ele iria questionar sobre o verdadeiro amor, da mesma forma que toda esposa também o faria se não houvesse da parte do marido para com ela a intimidade comum aos cônjuges. Da mesma forma Deus se alegra com o nosso desempenho na sua obra, com as nossas ardentes orações pela salvação de vidas, com as nossas preocupações com os pobres e necessitados, com o nosso desejo de edificar vidas, mas jamais abre mão do nosso relacionamento íntimo de amor com Ele, das nossas expressões de louvor e adoração, das nossas declarações de amor e gratidão, do nosso a sós em um lugarzinho particularmente nosso e dEle. “Como de banha e de gordura farta-se a minha alma; e, com júbilo nos lábios, a minha boca te louva, no meu leito, quando de Ti me recordo e em Ti medito, durante a vigília da noite.” (Salmo 63.5,6).