"E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus". (Tiago 2.23).
"Porventura, ó nosso Deus, não lançaste fora os moradores desta terra de diante do teu povo Israel, e não a deste para sempre à descendência de Abraão, teu amigo?" (2 Crônicas 20.27).
Uma leitura mesmo rápida na história de Abraão, nos trás à luz o quanto ele era íntimo de Deus e como Deus o amava e podia contar com ele. Não obstante, percebemos que apesar de possuir uma fé como um grão de mostarda, nosso patriarca, também teve seus momentos de incredulidade, e essa descrença gerou medo no coração dele, e o medo por sua vez levou-o a um pecado repugnante contra a sua própria esposa e contra Deus.
Abraão por medo de ser morto pelos homens do Egito que certamente cobiçariam a extrema beleza de Sarai, não atentando nas consequências trágicas que poderia sofrer sua esposa, mas por salvar a sua própria pele, pediu-lhe para que dissesse que ela era sua irmã. Como era previsto, ao ouvir Faraó sobre a formosura da Sara, e sabendo que era "irmã" de Abrão, mandou buscá-la para fazer parte do seu harém.
Não temos idéia porquanto tempo Sarai foi mulher de Faraó. Sabemos que não foi por tão poucos dias, porque Abrão chegou ao cúmulo de aceitar os presentes de Faraó por motivo da sua mulher.
"Faraó, por causa de Sara, tratou bem a Abrão, o qual veio a ter ovelhas, bois, jumentos, escravos e escravas, jumentas e camelos". (Gêneses 12.16).
O resultado da mentira de ambos foi deplorável. Não se pode negar que o Faraó possuiu a Sarai. Com a dor moral de ter sua mulher como objeto nos braços de outro homem que a possuiu apenas pela sua beleza, Abrão ainda foi expulso do Egito como um canalha qualquer. "E me disseste ser tua irmã? Por isso, a tomei para ser minha mulher. Agora, pois, eis a tua mulher, toma-a e vai-te." (Gêneses 12.19).
Apesar do amor que por certo Sara devotava a Abrão, a Bíblia não relata, mas podemos deduzir as brigas que os dois viveram após aquele incidente, quantas mágoas fizeram doer o coração da Sara e por certo o de Abrão. Sabemos, no entanto, que Deus não tratou a Abrão segundo a sua incredulidade, segundo os seus atos; os consequente sofrimentos, já lhe haviam burilado a alma. Mas o Senhor interferiu de maneira sobrenatural para que Sara fosse devolvida ao seu marido com quem vivenciaria as promessas de Deus para ambos
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"Porém o Senhor puniu Faraó e a sua casa com grandes pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão." (Gêneses 12.17).
Deus havia ordenado a Abrão o seguinte: "Sendo, pois, Abrão da idade de noventa e nove anos, apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha presença e sê perfeito". (Gêneses 17.1).
Entendemos que Deus não exigiu de Abrão uma perfeição impossível ao ser humano, mas integridade, ausência de nódoa, que Ele pudesse falar do seu amigo Abrão, como anos depois falaria do Jó para satanás:
"Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. (Jó 1.8).
Deus deseja de nós a mesma integridade que permitiu o apóstolo Paulo a exortar: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo". (1 Coríntios 11.1). Ainda que ele tivesse consciência de que não era perfeito segundo seremos quando estivermos definitivamente com Cristo.
"Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. (Filipenses 3.12).
Portanto, tenhamos a confiança para com Deus de que Ele não nos trata segundo os nossos pecados, mas segundo as "suas misericórdias, que se renovam dia a dia sobre nós e são a causa de não sermos consumidos." (Lamentações 3.22,23).
Lembremos sempre, que o que Deus deseja de nós é que tenhamos o propósito firme de vivenciar os seus mandamentos a cada dia e para tal, Ele mesmo nos capacita através do seu Espírito Santo.
Deus é puro amor, pura compaixão!