“Dawkins afirmou que nenhum cientista poderia saber com
convicção absoluta que qualquer coisa não exista, seja Deus ou qualquer outra
coisa. Por isso ele, se colocou como 6,9 na escala. Ou seja, não é totalmente
ateu. O filósofo Anthony Kenny, interveio: “Por que então você não se chama de
agnóstico”. Dawkins concordou que seria melhor.
A repercussão foi imediata na internet, sobretudo no Twitter.
O jornal Washington Post deu como manchete “Richard Dawkins disse que não
esta completamente seguro que Deus não existe”. Segundo o Post, Richard Dawkins
“surpreendeu o público on-line e que estava no teatro ao fazer a concessão de
uma brecha pessoal de dúvida sobre sua convicção de que não há um criador”.
Disse ainda que Dawkins não teria mais “100% de certeza de que Deus não
existe”. http://noticias.gospelprime.com.br/o-ateu-mais-famoso-do-mundo-admite-nao-ter-certeza-que-deus-nao-existe/
“Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos!
Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas
maldades: a Mim me deixaram o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas
rotas, que não retém águas.” (Jeremias 2.12,13).
É bem notório que muitos dos
supostos ateus ou agnósticos que um dia professaram a fé cristã, e hoje
repudiam o evangelho de Cristo, vêm bebendo em cisternas rotas, que foram
cavadas por vários filósofos que morreram deixando seu legado de ateísmo sem, contudo,
poderem provar a inexistência de Deus ou jogar sequer a mais tênue luz sobre a
vida após a morte.
Todo ser humano tem um vácuo em seu
coração, uma sede de algo que está muito além das respostas científicas ou de
toda sabedoria humana.
Lemos na edição da revista Ultimato, setembro-outubro, sobre o biólogo
americano Francis S. Collins, que até a idade de 27 anos era ateu convicto,
sendo ele um dos cientistas mais respeitados da atualidade, diretor do Projeto
Genoma Humano, conta em seu livro “A Linguagem de Deus” que chegou à conclusão
que, “se Deus existe, deve se encontrar fora do mundo natural e, portanto, os
instrumentos científicos não são ferramentas certas para aprender sobre Ele”.
Explica que “a prova da existência de Deus teria de vir de outras direções, e a
decisão definitiva deveria se basear na fé, não em provas”.
Percebemos que Collins não se
deteve em cisternas rotas por muito tempo; ele não estava armado com um orgulho
insano. Ele ansiava por respostas concretas para apaziguar o seu espírito
sedento do que transcende o entender da nossa mente, esta, tão enraizada
naquilo que é humano e efêmero. Sua sede de respostas estava muito acima do que
são apenas deduções incertas.
Portanto, depois de ficar parado durante algum
tempo “tremendo à beira desse hiato”, vendo que não havia escapatória, Collins
abriu a porta de sua mente a essas possibilidades espirituais e deu um salto em
direção a Deus.
Entre os obstáculos que dificultam ou impedem
essa caminhada, seja da apatia religiosa, do agnosticismo ou do ateísmo, em
direção à solene descoberta de Deus está a tradicional ideia de que essa
certeza compromete a liberdade individual do ser humano e, lamentavelmente, a “longa
história da opressão e da hipocrisia religiosas”. Collins entende que o “anseio
pelo sagrado é um aspecto universal e enigmático da experiência humana” e que
esse “vácuo em forma de Deus” serve senão para ser preenchido. Quanto à grave
ausência de coerência e testemunho dos cristãos, o cientista esclarece que “o pesquisador
mais sincero deve enxergar além do comportamento de humanos falhos, a fim de
encontrar a verdade”. Ultimato.
Na minha caminhada cristã e
principalmente como missionária, eu diria que não me faltaram escândalos, líderes
politiqueiros, que me usaram para depois descartar; que cometeram pecados
grosseiros, muito embora só tivessem em conta as mazelas alheias; que usaram
confissões minhas na tentativa de me denegrir; que me relegaram após meu
trabalho laborioso, por julgarem segundo as suas medidas as minhas ações.
Todavia, corroborando com o Collins, me alegro em relembrar que “os meus olhos
estavam postos no autor e consumador da fé. Muito além do comportamento humano,
eu reconheci o amor de Deus, que transformava todas as malignidades humanas
contra minha vida, meu ministério, em bençãos, apesar de mim.”
O
apóstolo Pedro exclama: “Senhor, para
quem iremos nós? Tu tens palavras de vida eterna.” (João 6.67,68).
Não há como escapar do “vácuo em forma de
Deus”, desde o salmista (“A minha alma tem sede de Deus) até Agostinho
(“Fizeste-nos para Ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em
Ti”) e Eugene Peterson (“O gosto pela eternidade não pode jamais ser gerado em
nós por uma genética secularizada [porque] nossa existência é derivada de Deus
e destinada a Ele”). Sem preencher este vácuo, o ser humano comete um pecado
duplo: coloca num canto qualquer a fonte de água fresca (Deus) e, em seguida,
cava cisternas cheias de fissuras, poços rachados, que não seguram a água...
Ultimato.
Nenhuma construção rebuscada,
nenhum argumento científico ou teológico, deverá nos convencer de que o
comportamento inadequado de líderes em geral, ou do sistema, são fatores
determinantes para nos afastar da comunhão com a irmandade, e muito menos com
Deus. É suficiente perceber a vida das pessoas que abandonam as suas
congregações com tais argumentos, para nos certificarmos de que nenhum deles tem
autoridade espiritual ou moral contra aqueles que criticam, porque condenando
suas práticas, cometem transgressões tão grosseiras quanto as que dizem
abominar nos líderes.
São semelhantes a sepulcros
caiados, aparentam um lindo discurso, mas suas ações são tão fétidas quantos o
interior de si mesmos.
Por Guiomar Barba.