PRECISO DE UM COLO
“Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.”
(Gálatas 6.2).
Foi exatamente este o exemplo que Jesus nos legou quando viveu
neste mundo. Ele não só levava as cargas de tantos quantos depositavam nEle a
sua confiança, como era capaz de perceber cada pessoa, mesmo estando ela em
meio a uma multidão.
“E vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam
cansadas e desgarradas, como ovelhas que não tem pastor.” (Mateus 9.36).
Muitos de nós temos dificuldade em
abrir o nosso coração, seja por índole, formação ou medo. Outros, sem medos,
falam com desembaraço das suas dores mesmo correndo o risco de serem
machucados, expostos, mal interpretados, denegridos pela malícia fraterna, o
que redundaria em mais frustrações e até mesmo debilidade na fé.
Ficamos sem alternativa? O que
fazer com relação ao mandamento do apóstolo Paulo: “Alegrai-vos com os
que se alegram; e chorai com os que choram”? (Romanos 12.15).
Partindo deste princípio,
entendemos que se olharmos a nossa família cristã com a mesma ótica de Cristo,
vamos empatizar com ela nas suas dores e alegrias. Qual seria então a nossa
conduta ao sabermos que um dos nossos irmãos carnais, estava em apuros? Correr
para todos os lados possíveis em busca de socorrê-lo, se não estivesse em
nossas mãos o poder de fazê-lo. No entanto, ouvir um coração destroçado não é
uma tarefa acima da nossa capacidade. Entendamos que não é necessariamente
devido o uso de palavras para amenizar a dor do nosso próximo, mas ouvidos
cheios de amor, compreensão, paciência, um coração que empatiza.
Lembro-me de um dia em que entrei no gabinete de um renomado mestre da Bíblia e
encontrei-o chorando. Ele simplesmente me abraçou sentado como estava e eu
deitei minha cabeça sobre a dele e chorei silenciosamente, sem perguntar-lhe o
que lhe afetava tanto. Após um longo silêncio, ele me pediu que o ajudasse e
contou sobre a sua dor. Não me era uma tarefa difícil, apenas de muita
responsabilidade, portanto dispus o meu coração e levei com ele a sua carga e
graças a Deus fomos bem sucedidos.
Precisamos aprender apenas a
treinar os nossos ouvidos para ouvir, e a nossa boca para ficar em silêncio até
que a sabedoria divina ponha palavras em nossos lábios, ou murmuremos apenas
uma oração suplicando ao Pai das luzes que traga paz e direção para o membro da
nossa grande família cristã que está vivendo sua dor.
Todos nós podemos ser instrumentos de Deus a serviço do seu Reino, é necessário
apenas reconhecermos e respeitarmos os nossos próprios limites para que não
acrescentemos dor ao lastimado e culpa para nós mesmos. Dentro de cada um de nós
mora um bom samaritano, deixemos que ele flua em amor.
“Um
novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei a vós,
que também vós uns aos outros vos ameis.” (João 13.34).
Por Guiomar Barba.