CONTRASTE
Chove abundantemente
No meu Capibaribe
Os lampiões escurecem as noites
Vago pelo silêncio das ruas
Escutando o gemido da fome
São corpos sob as marquises
Apertando os joelhos no estômago.
No
luxo dos condomínios
Lá
do outro lado da Veneza
Deitados
em berços esplendidos
Sob
colchas quentes de inverno
Ao
som do mar
À
luz de mesas fartas e certas
Sonham
campos cheios de flores.
A
esperança das calçadas se escorrega
Pelas
enxurradas que vão a paraísos
São
as águas da cobiça, fechando o verão.
Brasil
de amor eterno...
Entre
as pedras dos condados
Rochas
submersas no lodo político
Apagam
as chamas que bruxuleavam.
Por Guiomar Barba