NEM EU TE CONDENO
Um casal sai de férias para um hotel-fazenda... O homem gosta de pescar e a mulher gosta de ler. Numa manhã, o marido volta de horas pescando e resolve tirar uma soneca.
Apesar de não conhecer bem o lago, a mulher decide pegar o barco do marido e ler no lago.
Ela navega um pouco, ancora e continua lendo seu livro.
Chega um tenente da guarda ambiental do parque, em seu barco, pára ao lado da mulher e fala:
- Bom dia madame. O que está fazendo?
- Lendo um livro, responde.
(Pensando: será que não é óbvio?)
- A senhora está em uma área restrita em que a pesca é proibida, informa.
- Sinto muito tenente, mas não estou pescando, estou lendo.
- Sim, mas, a senhora tem todo o equipamento de pesca. Pelo que sei a senhora pode começar a qualquer momento.
Se não sair daí imediatamente terei de multá-la e processá-la.
- Se o senhor fizer isso terei que acusá-lo de assédio sexual.
- Mas eu nem sequer a toquei! Diz o tenente da guarda ambiental.
- É verdade, mas o senhor tem todo o equipamento. Pelo que sei, pode começar a qualquer momento!
- Tenha um bom dia madame - diz ele e vai embora. (Anônimo).
Infelizmente quase todos nós caímos no erro de julgar as pessoas nos seus aparentes equívocos, embora nos sintamos injustiçados se formos vitimados por atitudes iguais a estas nossas de julgamento.
E por que o fazemos? Porque avaliamos pela aparência, pelo “equipamento”, pelo “aparato” que, aos nossos olhos mal informados, possui a vítima, alvo do nosso juízo. E sem sequer pensar que podemos estar fazendo uma avaliação equivocada, ainda cometemos o agravante de acrescentar a irresponsabilidade de compartilhar com outros das nossas conjecturas.
O nosso grande Mestre nos advertiu: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.”
Ademais, escutamos sempre alguém com o nariz empinado sentenciando: “Não julgueis para que não sejais julgados”. Infelizmente este mandamento do grande Mestre, se tornou uma frase de conveniência, porque as próprias pessoas que dele usam, são peritas em emitir opiniões sobre outrem que não lhe seja tão caro.
Porém, com a mesma facilidade que pronunciam a sentença, enquanto lhe está a ferver o sangue, comentam com alguém o ocorrido, ou seja, que fulano “julgou” beltrano ou a si. Encontrando então apoio, começam as mais cruéis avaliações contra a pessoa que talvez houvesse dito, de fato, uma verdade não acolhida pela pessoa confrontada.
Partindo dessa ótica, o mandamento de Jesus que é julgar pela reta justiça, é confundido com a defrontação, que é feita diante de um mau comportamento.
Porém, é importante lembrarmos, que este juízo deve ser pleno de misericórdia, sinônimo de bondade e compaixão. Sem, contudo, deixar de imputar ao indivíduo o que lhe compete, se está em nós o direito de punir o transgressor. A esta postura se chama justiça.
Não podemos esquecer, no entanto, que a ação da pessoa avaliada “não foi permanente.” Congelarmos as pessoas nos seus delitos, tem sua justa retaliação: “Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.” (Tiago 2.13).
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. (Gálatas 6.1).